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Marca pioneira e inovadora

Empresárias Emily Ewell e Maria Eduarda lançaram a primeira calcinha absorvente reutilizável do Brasil
Por Gisele Tamamar
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Logo que a Pantys, primeira marca de calcinhas absorventes reutilizáveis do Brasil, chegou ao mercado em 2017, o estoque se esgotou em três semanas. O resultado validou o trabalho de 18 meses para o desenvolvimento do produto e os esforços das fundadoras Emily Ewell e Maria Eduarda Camargo, criadoras da Pantys. No início eram apenas quatro modelos em duas cores. Hoje, a marca conta com linha fitness, linha praia, maternidade, teen, sutiãs, acessórios e cueca absorvente. No Brasil, 15 bilhões de absorventes são descartados por ano. Aliado a esse número, uma pesquisa de mercado apontou que as mulheres não tinham muita fidelidade com produtos menstruais. Diante desse cenário, Emily e Maria Eduarda enxergaram uma oportunidade de lançar um produto com conexão, reutilizável, sustentável e econômico – o tecido tecnológico do qual a calcinha é feita dura em média 100 lavagens.

“Se nós não fizéssemos um produto muito bem feito, muito funcional e de alta qualidade, podíamos acabar com esse segmento dentro do País”, contou Emily, CEO, que é americana e mora há quase dez anos no Brasil. Em entrevista ao Jornal de Negócios, a empreendedora fala sobre as estratégias e dá dicas para quem quer empreender.

Quais foram os desafio para trazer um produto inédito para o País?

No início, nosso maior desafio foi quebrar esse tabu em volta da menstruação, e depois o tabu do nosso produto. A primeira reação de muitas pessoas era cheia de dúvidas: será que funciona? Será que é confortável? Será que tem cheiro? Será que é fácil de lavar? Então focamos muito em educação para mostrar, explicar e inspirar uma mudança de vida da consumidora. E isso continua até hoje como nosso maior desafio: conseguir chegar cada vez mais em mais pessoas e fazer a inspiração da troca. Há muitas mulheres que recebem o absorvente quando menstruam pela primeira vez e usam por décadas sem pensar em outras possibilidades de produtos. A comunicação e a educação são grandes pilares para conseguirmos inspirar essa troca e fazer essa transformação no mercado.

Como a marca trabalha a experiência do cliente?

O tema é uma preocupação constante e fazemos o mapeamento da jornada do cliente de forma muito detalhista. Por sermos uma marca nativa digital – agora temos lojas físicas – recebemos as críticas e ouvimos as dores do consumidor. Tudo isso é a nossa fonte de inovação, fazemos muitas cocriações com a comunidade, que nos traz desafios e perspectivas importantes para entendermos onde estão essas lacunas, onde podemos levar valor para o mercado e para o consumidor. Eu sempre falo que não precisamos só esperar a consumidora receber um produto em casa para fazer uma diferença na vida dela. Se conseguimos fazer um bom post, que tenha uma informação relevante, se conseguimos fazer um e-mail que a faça rir ou ter um ciclo um pouco melhor, isso já dá um impacto verdadeiro, seja fisiológico ou psicológico para a consumidora.

Como foi a decisão de expandir a marca internacionalmente?

Sempre foi nosso desejo. O Brasil é um país estratégico para lançar uma marca e conseguir levar para outros lugares do mundo. E sempre recebemos muitos elogios e pedidos para lançar o produto em outros países. Sabíamos do interesse e resolvemos começar esse movimento, mas com uma estratégia um pouco diferente lá fora. No Brasil, fizemos um lançamento digital, viramos omnichannel e agora multicanal. Lá fora decidimos focar no mercado B2B por conta de muitos magazines estruturados que dão suporte para as marcas e atendem um público interessante.

A marca lançou uma cueca menstrual. Como foi o desenvolvimento desse produto?

O produto é um exemplo perfeito de cocriação. Sempre recebemos muitos comentários na linha: não são só as mulheres que menstruam. Montamos um advisory board (comissão externa de aconselhamento), com clientes e influenciadores trans, para fazer uma cocriação e entender o que funcionava ou não. E lançamos a campanha com as mesmas pessoas que ajudaram no desenvolvimento do produto para fazer parte da comunicação de lançamento. Foi um exemplo muito especial de proximidade da comunidade e aprendizado com as pessoas de como podemos fazer diferença na vida de nossos clientes.

Qual a recomendação para quem quer empreender com um produto disruptivo?

Minha maior recomendação para quem quer empreender é não ter medo de errar e sempre ter muita resiliência. Empreender é uma montanha russa: temos dias que são ótimos, mas dias em que tudo dá errado. Mas às vezes você vê que o que deu errado abriu portas para coisas melhores. É preciso confiar na sua jornada e ter um pouco de empatia com você mesma. Às vezes é melhor errar mais cedo com coisas menores do que esperar e virar uma coisa muito grande e até prejudicar a empresa ou causar mais problemas a longo prazo.

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