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Com alho negro, empreendedor expande produção familiar

Fernando Kondo encontrou no alho negro uma forma de expandir a produção familiar
Por Redação
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“Meus pais, Sayoko e Shiro Kondo, vieram do Japão e se estabeleceram em Guatapará, no interior de São Paulo, em 1967. As primeiras plantações do sítio eram de abacaxi, mas foram destruídas por uma forte geada. Em busca de um produto mais resistente, eles encontraram o alho. Sempre procuramos agregar valor e começamos a investir no alho negro, alimento que passa por um processo de maturação e apresenta coloração preta e sabor adocicado e frutado. Fui eu quem criou a empresa Alho Negro do Sítio, onde vendemos não só o alho negro, mas sal grosso, azeite, geleias e molhos. Tudo feito com alho negro.

Temos uma produção bem familiar e, no Estado de São Paulo, existem poucos produtores de alho. Metade do alho consumido no Brasil é importado e isso dificulta para nós, pequenos, competirmos com os grandes produtores. Começamos tentando agregar valor em 1990, com o alho moído, vendido no potinho, mas em pequenas quantidades.

Produzir alho exige muitos insumos, muita matéria orgânica, ainda mais na região onde estamos localizados, que não é muito propícia. Em 2006, aconteceu o boom do alho negro no Japão, com destaque de seus benefícios para a saúde, e enxergamos uma oportunidade. Aqui no Brasil, o produto está relacionado à gastronomia e temos esse desafio de reforçar mais o lado farmacêutico do alho negro.

Fernando Kondo atuava na área de TI e enxergou oportunidade para empreender com a produção de alho da família

Para chegar ao produto final, o alho passa por um processo de maturação, dentro uma câmara com temperatura e umidade controlada, passando da cor amarela para marrom, até ficar preto por conta da oxidação do zinco. Nesse processo, o ardido do alho sai de cena e o sabor doce se sobressai. O processo todo dura duas semanas.

Meu pai começou a produção em pequena escala, em panelas mesmo, e começou a distribuir para o pessoal da colônia japonesa no bairro da Liberdade, em São Paulo. Eu sou agrônomo e estava trabalhando na área de TI, gerenciando projetos, abrindo uma startup para montar um sistema agrícola. Em 2012, resolvi fazer um site para meu pai, um site sobre o alho negro, quando fomos procurados por uma grande rede de supermercados interessada no produto. Esse foi o grande empurrão para a empresa.

Na pandemia, as feiras gastronômicas pararam. Nossos principais clientes, restaurantes, empórios, setor de eventos, tudo parou. Por outro lado, as vendas online cresceram muito e, hoje, um quarto das vendas são realizadas via marketplace, um quarto para empórios e metade para pizzarias, restaurantes, hamburguerias.

Hoje, tenho o desafio de aumentar a produtividade no sítio. A matéria prima é o principal custo. Conseguimos implantar um sistema de energia solar que está nos deixando bastante otimistas. Quem tem sítio tem muita dificuldade com mão de obra, é muito difícil manter. Como sou filho de agricultor, sempre tive vontade de voltar para a roça, de querer empreender. E o alho negro foi uma oportunidade para concretizar tudo isso.

Estamos fazendo estudos com o extrato do alho negro, investindo em barrinhas de proteína de alho negro e tentando abrir mais o leque para destacar os benefícios para o mercado farmacêutico. E, pelo lado gastronômico, vamos participar de eventos e feiras do food service para o mercado conhecer cada vez mais a Alho Negro do Sítio.”

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