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Elas são jovens e suas marcas de moda fazem sucesso nas redes sociais

Empreendedoras começaram seus negócios muito jovens, até adolescentes, e hoje têm clientes fiéis e são referências em marketing digital
Por Ana Roxo
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Muitas meninas já sonharam em ter sua própria loja de roupas quando crianças. Algumas transformam isso em realidade, como é o caso das jovens empreendedoras que contam nesta reportagem suas experiências à frente de suas marcas próprias – com milhares de seguidores nas redes sociais, influencers usando suas roupas e um marketing inovador.

A Guardaroba começou em 2013, com as melhores amigas Rafaella Torneri e Juliana Santana, com apenas 16 anos e ainda no ensino médio, em São Paulo. Empreender era uma vontade que elas tinham desde criança: começaram a marca revendendo camisetas estampadas que não encontravam nas lojas para as amigas e colegas da escola, e depois de alguns meses decidiram se arriscar e desenhar suas próprias peças. Para isso, foram atrás de costureira, fabricantes de tecidos e modelistas.

Mesmo sem ideia de como seria o futuro da marca, Rafaella conta que, no início, o estoque era embaixo da cama dela. As sócias também entraram no Instagram ainda quando o aplicativo não era tão popular e também lançaram um site. “Nós sempre fomos muito proativas, então começamos a fuçar na internet e descobrindo como faziam as coisas, sempre nas horas vagas, porque estávamos na escola”, conta.

Na época em que iniciaram a confecção, entre 2013 e 2014, elas não se identificavam com as tendências que estavam na moda, como o neon, e queriam algo mais básico. “A gente não percebia um lugar só com todas essas peças básicas que conversassem entre si e que conseguíssemos usar em ocasiões diferentes e que realmente a gente se identificasse”, diz Rafaella. Foi a partir de então que elas tiveram como propósito criar uma loja focada no preto e branco.

Para aprender sobre produção, elas procuraram uma costureira do bairro e, depois das aulas, iam até a região do Brás, em São Paulo, para aprender mais sobre tecidos e produção. “Estudávamos só meio período e o resto do tempo ficávamos ‘enfiadas’ no Brás. O pessoal ia ensinando a gente sobre tecidos e suas diferenças, a gente comprava e levava para a costureira”, lembra a empreendedora. Hoje, a confecção é terceirizada, e toda a criação e curadoria de tecidos é das sócias.

A irmã mais nova de Rafaella, Gabriella, que no início ajudava a marca com fotos e postagens no Tumblr, também entrou na sociedade. Curiosamente, as três não fizeram faculdade de moda, mas de administração.

Quando elas começaram, a presença de influencers nas redes sociais também estava começando, principalmente no Instagram. Isso abriu oportunidades para que elas fizessem “collabs” (colaborações) com essas meninas que já estavam com um número grande de seguidores – e que recebiam roupas para usar e divulgar em seus perfis. A marca também cresceu ao se aproximar das clientes, fazendo frequentemente sorteios e campanhas de interação.

Marca Guardaroba investe em tons branco e preto

Marca Guardaroba investe em tons branco e preto

Na insistência

Aos 20 anos, Luana Amy tem uma marca de moda já consolidada. A Las Clothing foi inaugurada em 2020, durante a pandemia, um período que foi desafiador para muitos empreendedores. O sonho de Luana, porém, não era empreender e muito menos abrir uma loja de moda, e sim ser médica. Durante o ensino médio, no entanto, começou a pensar em novas possibilidades. Encantou-se pela moda e passou a criar suas próprias peças, com os seus desenhos. As amigas da cidade onde morava, Mogi das Cruzes, queriam comprar e ela não tinha a quantidade para a alta demanda. Foi quando ela decidiu se jogar no projeto.

“Não ia postar as peças no meu Instagram pessoal, se fosse para vender, resolvi fazer tudo bonitinho”, lembra Luana. “Criei uma logo sozinha, chamava as amigas para tirar fotos e postar. A conta tinha zero seguidores, mas as primeiras fotos eu já queria que fossem bonitas, então eu pegava a câmera emprestada do meu pai para as fotos saírem mais profissionais, meu feed nunca foi bagunçado”, diz.

No começo, Luana divulgava suas roupas em grupos de Facebook, postava todos os dias na página do Instagram e abriu o site da loja. A constância foi primordial para o crescimento da marca, e ela também postava fotos do próprio look usando as roupas. Quando alguém gostava, ela chamava no privado e dava cupons de desconto. “A gente só construiu essa comunidade da Las porque desde o começo foi assim, a gente vendia muito na base da insistência, não tinha ainda o desejo de marca, o desejo das peças”, conta.

Para Luana, uma grande oportunidade para a marca seria contratar as influencers de moda que admirava para exibir seus produtos. “Eu não lucrava com a Las ainda a ponto de falar: vou usar essa quantia de dinheiro para pagar uma influencer. Eu estava no último ano do ensino médio, tentando fazer a marca acontecer, e comecei a fazer freelances para pagar as influencers para usar a Las, vendia filtros para fotos, os ‘presets’ dos aplicativos de fotos e a maioria das minhas próprias roupas eu vendi em brechós”, lembra.

Do início para os dias atuais muita coisa mudou, e hoje a Las já concorre com lojas antigas do Instagram. Sempre que lançam alguma peça, elas se esgotam em minutos por conta das parcerias que a empreendedora fez com as influencers, por campanhas de interação, cupons de desconto e sorteios. As peças também em sua grande maioria são básicas, nas cores preto, branco e marrom, e quando lançam alguma cor nova tentam seguir o tom que a marca trabalha. “Eu quis colocar como diferencial na marca a padronização, eu acho que as pessoas só reconhecem algo com forte identidade quando isso é padronizado. Eu quis padronizar a paleta de cores, os nomes das peças, o estilo de modelagem, acho que esse é o diferencial e não abro mão”, diz Luana.

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Mudança de planos

Também empreendedora de moda, a bacharel em direito Jessica Andrade estava focada em prestar um concurso público antes de decidir criar sua marca, a Hilare, aos 24 anos. “Eu pensava em empreender, mas não sabia no quê. Eu nunca tive nenhum dom como fazer bolo ou desenhar muito bem, mas fui muito ligada a esportes e atividade física. No meu Instagram eu postava sobre isso e investia em roupas de academia, que eram sempre elogiadas. Foi quando deicidi criar a minha marca de roupas de academia”, conta.

Jessica até pensou em começar a loja revendendo peças, mas não encontrava nada que fosse sua “cara”. “Eu pensei: por que não eu mesma fazer as minhas próprias peças, desenhar e mandar confeccionar? Foi daí que surgiu a ideia”, diz. Só que a pandemia de Covid-19 fez com que os concursos públicos que ela gostaria de prestar fossem adiados. Ela continuou estudando, porém com o decorrer do tempo ela percebeu que estava fazendo algo que não gostaria, e que seu verdadeiro sonho era empreender.

Para isso fez vários cursos online e gratuitos do Sebrae, como os de marketing digital, precificação, comunicação para vendas, além de informações sobre formalização, o que, segundo ela, foram passos essenciais para a evolução do seu empreendimento.

“Eu me enxerguei sendo feliz fazendo isso: juntou o meu lado do esporte, com se sentir bem usando roupas de academia, com a comunicação, que é vender e aparecer todo momento”, conta. Jéssica ainda não tem uma empresa de confecção própria, ela compra os tecidos, cria os desenhos e terceiriza a produção numa oficina, mas a meta dela agora é conseguir criar sua própria oficina de costura e até empregar funcionários.

(*Estagiária sob supervisão dos editores)

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