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Pandemia impulsiona formalização de MEIs

Com desemprego elevado, o Estado de São Paulo passou de 2,5 milhões em 2020 para 3,8 milhões de microempreendedores individuais este ano
Por Rogério Lagos
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Antes da pandemia, Eliane Nascimento trabalhava com importação de peças automotivas. A crise chegou, o dólar subiu bastante e o negócio deixou de ser viável. Sem fonte de renda, apostou no hobby de fazer bolos e doces para criar a Lih Bakery, em Santana, zona norte de São Paulo. O negócio começou informal na metade de 2020, mas ganhou corpo no fim daquele ano com a formalização dela como Microempreendedora Individual (MEI).

De acordo com dados do Sebrae- -SP, a partir do Portal do Empreendedor do governo federal, Eliane é uma entre os mais de 1,2 milhão de MEIs formalizados do início da pandemia até a primeira quinzena de maio de 2022. O segmento de fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para consumo domiciliar, categoria da Lih Bakery, foi um dos que mais se destacaram com 54,4 mil novos registros no período. Promoção de vendas (70,7 mil), comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios (69,3 mil), preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo (66,4 mil), cabeleireiros, manicures e pedicures (60,1 mil) e transporte rodoviário de carga (55,5 mil) foram outros segmentos que se sobressaíram. Ao todo, o Estado de São Paulo passou de 2,5 milhões para 3,8 milhões de MEIs ativos nos últimos 29 meses – um crescimento de 50%.

Para o consultor de negócios do Sebrae-SP especialista em MEI Reginaldo Aparecido, o crescimento de formalizações no período da pandemia está associado ao cenário econômico que trouxe vários impactos para os negócios. “O elevado número de desempregados fez crescer o empreendedorismo por necessidade e o MEI foi a solução pela facilidade na abertura, baixo custo, possibilidade de emissão de nota fiscal, oportunidade de acesso a crédito com taxas reduzidas, além das oportunidades promovidas pelo comércio eletrônico”, explica.

Nesse cenário crítico, mesmo quem empreende por necessidade precisa estar de olho nas oportunidades. Eliane conta que, de início, fazia bolos para vender apenas para conhecidos. No entanto, com o crescimento das indicações e o fechamento dos buffets na pandemia, notou que poderia preparar kits festivos para comemorações pequenas em casa. “Comecei a adaptar festas de porte médio para pequenas e passei a entregar comodidade para as pessoas que queriam comemorar e não sabiam como. Bolo festivo, doces, salgados e refrigerantes compunham os kits personalizados, muitas vezes temáticos de acordo com a história que os clientes me contavam”, comenta.

A estratégia deu certo. A Lih Bakery registra crescimento de faturamento todos os meses desde a sua criação. Atualmente, a empresa atende muitos clientes corporativos e passou a ampliar o leque de produtos. “Já fiz vários cursos diferentes para conseguir atender a essas demandas, como de sobremesas, por exemplo. Passamos a oferecer esses doces para casamentos, festas corporativas, de 15 anos, até mesmo bolos maiores, de andar. Muito em breve, a Lih Bakery deverá crescer e até se tornar uma ME, pois estamos analisando espaços para instalarmos um ateliê e termos também produtos para pronta-entrega, é um pedido dos clientes que está crescendo”, comemora Eliane.

O consultor Reginaldo Aparecido explica que a sustentabilidade e o crescimento das empresas estão associados à gestão, aspecto que exige atenção dos empreendedores. “O MEI costuma ter dificuldades para separar o dinheiro pessoal do empresarial, definir pró-labore, além de encontrar obstáculos para a criação de uma rotina financeira que exigirá o registro das entradas e saídas, fazer projeção de caixa futuro e definir os principais gastos que irão compor a formação de preço”.

Na Lih Bakery, Eliane já fez cursos de finanças no Sebrae-SP para vencer esses desafios, além de consultorias de marketing e vendas. “O Sebrae-SP sempre me ajuda muito. Aprendi a segmentar anúncios no Facebook, por exemplo, que está me rendendo mais clientes em potencial, principalmente do meu bairro; capacitar-se é fundamental para crescer”, afirma.

PRAZO DA DECLARAÇÃO ANUAL

Termina em 30 de junho o prazo para o MEI fazer a sua declaração anual de faturamento, a DASN-SIMEI. Nesta declaração, o MEI vai informar o valor do faturamento bruto obtido no ano- -calendário anterior e se tem ou não empregado, também no ano anterior. “A declaração anual é uma das atividades obrigatórias para o MEI, como o pagamento da contribuição mensal e o relatório de receita bruta. Órgãos licenciadores como prefeituras e vigilância sanitária costumam solicitar o comprovante da entrega da declaração anual na ocasião da renovação de licenças e alvarás. A declaração serve, ainda, como comprovante de renda e poderá ser exigida na obtenção de crédito e outras ações como parcelamento de débitos”, explica o consultor de negócios do Sebrae-SP, Reginaldo Aparecido.

CRESCIMENTO DE MEIs POR CIDADE/REGIÃO

Estado de SP – 2.540.259 para 3.811.126 = 50%
Alto Tietê – 72.822 para 116.126 = 59,4%
Araçatuba – 40.278 para 56.500 = 40,2%
Araraquara – 31.600 para 47.101 = 49%
Baixada Santista – 102.917 para 163.720 = 59%
Barretos – 21.350 para 30.833 = 44,4%
Bauru – 67.536 para 96.132 = 42,3%
Botucatu – 25.089 para 35.931 = 43,2%
Campinas – 160.371 para 243.166 = 51,6%
Franca – 35.974 para 52.035 = 44,6%
Grande ABC – 138.996 para 218.126 = 56,9%
Guaratinguetá – 38.419 para 55.850 = 45,3%
Guarulhos – 102.641 para 157.195 = 53,1%
Jundiaí – 81.332 para 128.244 = 57,6%
Marília – 44.564 para 63.171 = 41,7%
Osasco – 157.049 para 249.096 = 58,6%
Ourinhos – 22.735 para 30.675 = 34,9%
Piracicaba – 77.673 para 116.117 = 49,4%
Presidente Prudente – 43.919 para 62.238 = 41,7%
Ribeirão Preto – 82.952 para 121.430 = 46,3%
São João da Boa Vista – 39.973 para 57.605 = 44,1%
São José do Rio Preto – 67.540 para 98.083 = 45,2%
São José dos Campos – 98.589 para 158.721 = 61%
São Carlos – 56.071 para 81.171 = 44,7%
São Paulo – 754.236 para 1.112.293 = 47,4%
Sorocaba – 117.831 para 178.954 = 51,87%
Sudoeste Paulista – 17.680 para 24.427 = 38,1%
Vale do Ribeira – 15.331 para 21.557 = 40,6%
Votuporanga – 24.791 para 34.629 = 39,6%

Dados do Sebrae-SP a partir do Portal do Empreendedor, do Governo Federal. Período de janeiro de 2020 a 21 de maio de 2022 nas regiões de cobertura dos escritórios regionais do Sebrae-SP

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