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Marca começou com a venda de 40 camisetas e hoje tem 5 lojas

Insatisfeito com o mercado de streetwear, Lucas Fonseca decidiu criar a própria grife, a Respect
Por Marcos Leodovico*
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“Tudo começou em 2014. Eu gostava muito da moda streetwear e comprava de uma marca que, por ser independente, era difícil de encontrar na região de Campinas. Comprava tanto dessa marca que ganhava cupons de desconto para as compras seguintes.

Meus amigos começaram a me perguntar de onde eram essas roupas. Falei que era de uma marca de São Paulo e que eu poderia revender para eles se quisessem. Dito e feito. Comecei a comprar para revender e meu lucro eram os cupons de desconto que ganhava. Até que resolvi perguntar à empresa se eu poderia ser um revendedor autorizado. Disseram que se sem loja ou CNPJ não estaria autorizado a vender.

Fiquei revoltado e fui pesquisar os custos para fazer camiseta; me impressionou o quanto era barato, baseado no preço final. Tive então a ideia de fazer cerca de 40 peças. Escolhi três imagens de ícones mundialmente conhecidos de que gostava e mandei produzir as camisetas.

Quando ficaram prontas, tive a ideia – antes de começar a vendê-las – de usar as peças para chamar a atenção. Muitas pessoas me perguntavam se eu estava revendendo as roupas daquela marca. Com o peito cheio, disse: ‘Não, dessa vez essa é minha, eu mandei fazer’. Vendi as 40 peças em um mês, apenas de boca em boca. Vi, então, que precisava de um nome para minha marca.

Pensei em algo que teria impacto e que poderia fazer sucesso. Gostava da palavra respeito, mas em português não combinava com o que eu queria. Decidi mudar para o inglês Respect. Fácil de falar e lembrar. Gostei tanto do nome e do logotipo que resolvi patentear.

Na época, de 2015 a 2016, eu fazia faculdade de logística e tinha um emprego em uma multinacional. Patentear custava R$ 2 mil; era uma aposta ousada e cara. Não tinha o dinheiro, pedi para minha mãe emprestado. Ela achou loucura pagar R$ 2 mil em algo que eu nem sabia se ia dar certo.

Dividia meu tempo entre meu emprego fixo e a minha marca. Como tinha decidido apostar todas as minhas fichas no meu negócio, abri um pequeno e-commerce em casa. Comprei um computador e uma mesa. Tive a ajuda do Sebrae em Campinas para virar MEI e entender como eu poderia dar fluxo ao meu caixa. E assim comecei as vendas online.

A partir daí, as lojas passaram a me procurar para fazer a revenda dos meus produtos, mas nunca fui muito a favor disso. Algumas lojas não me pagavam, o que me deixava muito preocupado. Minha preferência sempre foi por eu mesmo efetuar as vendas e conquistar os clientes.

Com a minha marca ganhando reconhecimento no mercado digital, em 2017, o grupo Kanui/ Dafiti me convidou para integrar o marketplace deles com as minhas peças. Isso ajudou a dar valor à minha marca, e o melhor de tudo: a comissão por vendas era alta.

Em 2018, me dei conta de que a marca ultrapassou meus limites e eu precisava sair do fundo da minha casa para abrir uma loja maior. Precisava de um espaço onde poderia expor minhas peças e receber pessoas. Fui para uma galeria em uma rua deserta – a ideia era apenas ter o espaço – e foi ali que o faturamento começou a aumentar.

Não cheguei a ficar um ano nesse local. Acabei me empolgando e transferi a loja para uma avenida movimentada. Pagava quatro vezes mais pelo aluguel do novo local, mas muitas pessoas passavam, olhavam e entravam. Deu para aproveitar o espaço de todas as formas, coloquei banners e outdoors do jeito que eu sempre quis.

Assim nasceu a primeira loja de rua da Respect, em Campinas. Ali a clientela aumentou, eu estava ganhando reconhecimento na cidade, mas recebia questionamentos dos antigos clientes me perguntando por que me mudei para longe. Eles pediam para abrir uma loja no mesmo bairro da galeria. Isso começou a mexer comigo, pois foi por causa deles que a marca cresceu e naquele local tudo começou.

Sentia a obrigação de um dia reabrir uma loja lá, só que na rua principal do bairro. Fui chamado de louco, pois tinha acabado de inaugurar a outra loja, mas era um presente que estava dando para quem sempre me apoiou. Então, em novembro de 2019, nascia a segunda unidade.

Com o segundo ponto aberto, comecei a pensar em como transformar minha marca em franquia ou rede, mas tinha medo em dar o primeiro passo. Um dia, uma cliente perguntou quanto eu cobraria para vender uma franquia para ela. Fiz os cálculos por cima e ela topou. Nascia a terceira loja. A primeira como franquia. Em 2020, a nossa marca chegou a cinco lojas, sendo três em Campinas, uma em Americana e uma em Maringá, no Paraná. Para 2021, estamos planejando a sexta loja, em Sumaré, região de Campinas. Além disso, estamos atendendo em todos os meios digitais.

A dica que eu dou para quem tem o desejo de começar é: tenha foco naquilo que você quer. Depois que saí da empresa de logística em que trabalhava, as coisas começaram a dar certo. Não tenha pressa em ter sucesso, pois é consequência do trabalho.”

*Estagiário sob supervisão dos editores

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