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Para ela, a arte foi de terapia a meio de vida

O tratamento de um câncer fez com que Natalí de Paula descobrisse na pintura uma terapia e um negócio
Por Maya Ortega
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“Aos 30 anos eu renasci. Era 2015 e eu levava minha vida normalmente, trabalhava no setor industrial durante o dia e lecionava para os alunos do EJA (Educação para Jovens Adultos) durante a noite, por conta das minhas duas formações: comércio exterior e letras. Eu estava em processo de mudança de emprego quando fui diagnosticada com câncer de mama.

Foi um choque para todos, pois acabara de perder minha sogra pela mesma doença. De repente, tudo mudou. Eu passei a morar em São José dos Campos para realizar o tratamento e tive que me afastar do trabalho. Estava me sentindo muito desmotivada por estar parada e em tratamento, então fui em busca de algo para ocupar minha mente, e foi assim que me conectei com a arte.

Nunca havia pintado nada antes. Busquei um ateliê local e comecei a me aprofundar nessa ocupação. De início, não pensei que iria empreender com esse nicho, mas conforme me desenvolvia, fui pegando paixão pela coisa. Aos poucos comecei a divulgar meu trabalho nas redes sociais, passei a fazer algumas encomendas e vender para amigos meus, que me ajudavam na divulgação também. Foi quando meus quadros começaram a ‘viralizar’ e descobri que aquilo poderia ser o meu próprio negócio.

Quando voltei do meu afastamento para o trabalho, percebi que não retornaria para a situação anterior, então tomei a decisão de deixar os meus empregos e dar continuidade ao empreendimento. Sempre digo que renasci a partir desses acontecimentos, visto que me encontrei em algo que sentia que havia nascido para fazer.

No começo foi bem difícil, continuei com as encomendas e a divulgação, mas a questão financeira estava bem apertada.

Mas fui vivendo um dia de cada vez e acabei pintando um quadro que foi um marco para minha carreira pelo interesse que ele despertou no público; foi a deixa para crescer mais ainda.

Comecei a ser chamada para divulgar meu trabalho em mostras, feiras e eventos de arquitetura e design. Durante esse processo cheguei até o Sebrae onde participei de cursos para aprender mais sobre como estruturar o meu negócio. Ao conhecer minha história, o pessoal do Sebrae em São José me convidou para dar palestras contando mais sobre como a arte e o empreendedorismo mudaram minha trajetória.

Há dois anos, comecei um segundo negócio com uma amiga, também artista. Pintamos murais e telas juntando nossas técnicas. Hoje em dia, digo que estou bem empolgada e, embora não tenha sido fácil, aprendi a dividir tarefas burocráticas para poder manter o foco na produção do meu trabalho.

Percebi que trabalhar com arte fazia muito sentido para mim. Hoje, não vejo a arte como algo a ser somente apreciado, mas sim como um negócio. Agora digo que estou muito feliz e faço o que amo, mas vai muito além de pintar.

Atualmente enxergo tudo o que passou como algo maior; se a vida não tivesse me proporcionado tudo isso, eu não estaria aqui fazendo o que sinto que fui predestinada. Levo comigo alguns ensinamentos, como viver o hoje intensamente e que com a arte vou até o fim.”

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