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Ser ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo são os três pontos fundamentais para as empreendedoras e empreendedores do setor de beleza que estão em busca de um salão sustentável. Assim como em outros segmentos, esse é um conceito que está ganhando cada vez mais força diante de um consumidor que valoriza as ações que impactam o mundo e a sociedade.

Muitos negócios de beleza já colocaram ações sustentáveis em prática, mas o setor ainda tem muito o que avançar, na avaliação da consultora do Sebrae-SP Maisa Blumenfeld. Segundo a especialista, a maioria dos salões ainda não tem essa preocupação com a sustentabilidade e não perceberam as oportunidades e melhoria dos resultados em seus empreendimentos ao implementarem processos de gestão e boas práticas ambientais. Ainda ocorre, por exemplo, muito desperdício de produtos e insumos por falta de definições de processos e padronizações. “O profissional se forma tecnicamente, aprende como aplicar os produtos, mas não tem a visão do todo, do diagnóstico do fio, expectativa do cliente, quantidade para aquele tipo e tamanho de cabelo, temperatura e clima, estoque, validade”, exemplifica Maisa.

Mesmo com esse cenário, a consultora começa a perceber uma mudança do setor de se adequar às necessidades do mercado. Pesquisa realizada pelo Instituto Akatu e a GlobeScan em 31 países mostra que 86% dos brasileiros dizem desejar reduzir seu impacto individual sobre o meio ambiente e a natureza, contra 73% da média mundial. “Quando o consumidor modifica seu comportamento de consumo, isso não fica restrito somente a um determinado setor. Por exemplo, se muda o tipo de alimentação por uma questão de consciência ambiental, a tendência é também alterar a forma com que consome outros serviços e produtos. Nesse sentido, o empresário que está atento às tendências e ao seu público, percebe a oportunidade e a necessidade de adequar seu empreendimento”, destaca Maisa. Pesquisa do Sebrae mostra que 28,6% dos entrevistados incorporaram ou pensam em incorporar o tratamento com produtos orgânicos e veganos no salão de beleza.

No salão NaBahia, localizado no Centro de São Paulo, as mudanças começaram a ser implantadas a partir da iniciativa de Ruchelle Crepaldi, sócia do salão com a irmã Rafaella e a mãe e idealizadora do espaço, Lenir Bregantim. Depois de o salão passar por melhorias de gestão com a ajuda do Sebrae e fazer adequações à Lei do Salão Parceiro, Ruchelle se viu desafiada a propor novas ações para o negócio. “Eu olhava para os nossos resíduos e me questionava o tempo todo”, conta.

Para conscientizar a equipe de 50 pessoas sobre a importância da destinação correta dos resíduos, foi realizada uma parceria com uma cooperativa da região onde está instalada. “Eles mostraram um valor mais social do que ambiental em relação ao descarte correto das embalagens. O que antes era lixo para a gente era renda para a equipe da cooperativa”, pontua Ruchelle, que ampliou as ações sustentáveis do salão em parceria com o programa Beleza Verde, da Dinâmica Ambiental, empresa especializada em soluções para coleta, descaracterização e destinação correta de resíduos.

Todos os resíduos de manicure, depilação, coloração e até cabelo são coletados. A ideia principal de Ruchelle é utilizar o cabelo para fazer mantas para contenção de petróleo no mar em casos de desastres, mas o projeto segue em estudo. Um dos destinos dos cabelos hoje é para uma linha de revestimentos. As microfibras do cabelo substituem a fibra sintética de polipropileno comumente usada em revestimentos cimentícios.

O NaBahia também conta com uma composteira automatizada e um ponto de entrega voluntária (PEV) para a equipe, empresas do entorno e clientes, que ganham pontos para a troca por serviços. A empresa conquistou a certificação como primeiro salão de beleza lixo zero do Brasil. “Nada é imediato e demora-se anos para atingir um lugar de excelência. Começamos as ações em 2016, mas há dois anos passamos a comunicar que somos um salão sustentável”, reforça Ruchelle, que hoje também tem uma consultoria especializada em gestão de beleza sustentável.

EVOLUÇÃO

O conceito no salão A Naturalista também foi evoluindo ao longo dos anos. O negócio nasceu com a proposta de ser um salão saudável dentro do conceito de sustentabilidade, em 2014. “Quando começamos não tinha quase nada no Brasil. Trabalhávamos só com hena e alguns poucos produtos de lavatório, de finalização, que conseguíamos encontrar. Conforme os anos foram passando, surgiram boas marcas, as marcas importadas começaram a chegar também e fomos lapidando esse conceito porque tínhamos mais ferramentas”, diz Simone Pires, idealizadora e hair stylist do salão orgânico.

Entre as ações aplicadas no salão, Simone cita o uso de produtos limpos, que não contaminam o meio ambiente. O espaço oferece alisamentos naturais e colorações saudáveis, sem produtos químicos nocivos. Além de reciclagem de materiais, economia de energia e produção mínima de lixo, por exemplo.

A idealizadora conta que a procura é constante por novas técnicas, novos contatos e ideias inovadoras. “Estamos sempre pesquisando como fazer mais com o mínimo de desperdício e impacto ambiental. Caso não exista nada saudável, não usamos. Ficamos muito tempo sem ter vários serviços que são amplamente disponibilizados nos salões convencionais porque não conseguia arranjar nenhum produto equivalente que fosse realmente saudável”, relata.

Já no caso do Laces, primeiro hair spa do Brasil, o passo inicial para reduzir a produção de lixo foi a substituição de descartáveis por materiais de reuso, como copos e louças de vidro. O segundo passo foi o aumento de matérias-primas naturais com performance profissional. O CEO do Laces, Itamar Cechetto, aponta ainda uma série de iniciativas do ponto de vista da sustentabilidade: compensação de carbono, redução de pegada hídrica, escolha de materiais mais limpos de reuso para construção, matriz energética – energia fotovoltaica e uso de lâmpadas de LED.

No campo da arquitetura e decoração, o negócio utiliza tintas minerais, que não são sintéticas e que não poluem o meio ambiente, e materiais como barro, taipa e elementos acessíveis que não deixam resíduo – biodegradáveis e de longa duração. “Os salões do Laces têm a menor pegada hídrica de um salão de beleza. Além disso, priorizam a eficiência energética por meio de matriz limpa, contando com energia solar”, conta Cechetto.

Outra ação aplicada no salão é o tratamento da água da chuva para lavar os cabelos por meio de uma tecnologia de “osmose reversa”, que tem como objetivo principal separar a água dos sais minerais, purificando-a e tornando-a própria para utilização nos lavatórios. Na sequência, ela é tratada novamente para ser reutilizada nos banheiros e jardim.

O CEO aponta ainda o aquecimento da água feito por meio de placas fototérmicas, que trabalham em conjunto com um boiler “inteligente”. Outro destaque é o uso de “roll meches”, uma ferramenta para fazer mechas e reflexo de forma reutilizável, deixando de descartar papel alumínio no meio ambiente.

Atualmente o Laces conta com fábrica própria, oito hair spas e marcas de produtos próprios. “O consumo consciente tem elevado a exigência na busca por produtos, serviços e matrizes energéticas que não causam danos ao planeta. O que significa que o consumidor está cada mais vez mais disposto a pagar um pouco mais para receber algo que ele consuma sem culpa”, destaca Cechetto. Ele também ressalta que o consumidor está mais consciente para diferenciar quem está fazendo greenwashing (quando o discurso “verde” da empresa não condiz com suas ações) de quem está realmente dando um uso adequado para a água ou cuidando adequadamente de seus colaboradores e da comunidade ao redor.

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TENDÊNCIAS SUSTENTÁVEIS

Economia circular: busca a construção de modelos de negócio baseados na regeneração dos sistemas naturais, na manutenção de materiais em uso e na eliminação de resíduos e poluição desde o princípio da cadeia de produção.

Pegada de carbono: escolher produtos com embalagem recicláveis ou recicladas, priorizar os orgânicos, usar sacolas retornáveis, fazer a compostagem de resíduos, reduzir o consumo, economizar energia e usar equipamentos com eficiência energética são algumas das atitudes que podem fazer a diferença.

“Zero waste”: o movimento zero waste, ou lixo zero, tem o objetivo de zerar a quantidade de lixo produzido no mundo. No segmento da beleza, a prática tem se popularizado com a implementação de projetos para a redução ou até a eliminação completa de desperdício.

Beleza Verde: é um programa que busca alterar o gerenciamento dos resíduos gerados em salões de beleza e escolas de cabeleireiros. Esse novo modelo de gestão prevê que produtos e serviços incorporem, de forma integrada, aspectos sociais, econômicos e ambientais.

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PARA COLOCAR EM PRÁTICA
• Avalie a possibilidade de utilizar um espaço específico para fracionamento ou pré-pesagem dos produtos de beleza.
• Fique atento para a existência de vazamentos no seu imóvel.
• Adote equipamentos e tecnologias economizadores de água.
• Sempre que possível, armazene e aproveite a água da chuva
para limpeza de espaços internos e externos e para regar jardins.
• Gerencie corretamente os seus resíduos, desde a geração até
a destinação final. Lembre-se de que nos salões de beleza são
utilizados produtos que geram resíduos perigosos (tintas, solventes, esmaltes, alisantes etc.) e perfurantes (bisturis, navalhas, agulhas etc.)
• Priorize a compra de produtos (como esmaltes, batons e xampus) que tenham embalagens retornáveis.
• Para que as medidas de sustentabilidade tenham resultado, é
necessário que toda a equipe esteja envolvida.
• Utilize produtos ambientalmente corretos. Procure utilizar produtos de empresas que se preocupam com a sustentabilidade.

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