Pesquisadores, especialistas, estudantes, apicultores, meliponicultores e empresas da área reuniram-se em Aparecida, no interior de São Paulo, entre os dias 27 e 30 de novembro, para a realização do Congresso Brasileiro de Apicultura e Meliponicultura 2024. A iniciativa, patrocinada pelo Sebrae Nacional e demais parceiros, contou com a participação de produtores rurais de diversas regiões do Brasil que tiveram a chance de mostrar os frutos de seus trabalhos em estandes instalados no local do evento.
No amplo espaço da feira, os apicultores e apicultoras trocaram experiências e conhecimentos ao formarem uma rede de suporte tecida com reciprocidade, embasada no espírito coletivo e na competitividade sadia. Assim, quem passava em frente às bancas dispostas no pavilhão, notava o senso de companheirismo estabelecido entre pessoas unidas pelo mel.
O setor está em alta no Brasil e bateu recorde de produção. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção nacional de mel cresceu 2,7% em 2023, totalizando 64,2 milhões de quilos, o mais alto valor já registrado na série histórica da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), que desde 2016 apresenta crescimentos consecutivos e, desde 2018, a cada ano, alcança recordes na estimativa.
Conforme o estudo do IBGE, existem no País mais de 100 mil apicultores, dos quais 82% empenham-se na agricultura familiar. Valdenei da Conceição, 43, faz parte deste grupo. Membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade sem fins lucrativos que fornece suporte aos trabalhadores rurais em todo o Brasil desde junho de 1975, o pequeno produtor esteve presente no encontro em nome da Associação dos Apicultores da Agricultura Familiar de Corumbá para difundir o empreendimento Florada Pantaneira.
De origem paraguaia, mas residente no Brasil desde a infância, Valdenei estampou no rosto a alegria de saber que a atividade apícola feita em parceria com os companheiros do Assentamento Taquaral, localizado em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, gera bons resultados.
Em setembro, a Florada Pantaneira foi agraciada com o primeiro lugar no Prêmio CNA Brasil Artesanal 2024, na categoria mel escuro. “Receber esse prêmio incentiva para que mais gente possa olhar para o Pantanal não apenas como um local para criar boi. Pode trabalhar agricultura, trabalhar outras atividades para proteção daquele ecossistema que é da humanidade”, pondera.
Já a artesã e apicultora Thaís Carvalho, 45, moradora de São Luiz do Paraitinga, contou que a ideia de abrir um pequeno negócio voltado para produtos derivados do mel surgiu a partir de um projeto de revitalização da Mata Atlântica desenvolvido por uma ONG local.
Proprietária da microempresa Elementos da Terra, a produtora rural trabalha com manejo de mel há quatro anos. Apesar dos percalços encontrados ao longo do caminho (dificuldades para envasar o mel e problemas com trâmites burocráticos), ela sente “uma satisfação sem fim” ao dedicar-se à meliponicultura. “Eu tinha uma vida antes de conhecer as abelhas e tenho outra hoje”, asseverou, sorridente, antes de voltar a compartilhar com o público o seu amor pela apicultura.