Um dos segmentos econômicos mais prejudicados pela pandemia de Covid-19, o turismo dá sinais de recuperação. Segundo os dados mais recentes do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o faturamento do setor foi de R$ 15,4 bilhões em março no País, o que representa aumento de 43,5% na comparação com o mesmo mês de 2021.
O resultado veio com o crescimento nas receitas de empresas dos ramos de transporte aéreo, restaurantes, hotéis, rodoviário coletivo de passageiros, locação de automóveis e serviços de bufê. Vacinação, demanda reprimida e redução das restrições são alguns dos fatores que ajudaram nessa maior movimentação.
A operadora de viagens Agaxtur mostra otimismo com a retomada, tanto que prevê chegar até 2023 com 200 lojas franqueadas na sua rede e acabou de lançar opções de pacotes e retomou voos charters para Bariloche, na Argentina, um dos destinos preferidos dos brasileiros. Aldo Leone Filho, CEO da Agaxtur, conversou com o Jornal de Negócios sobre o atual momento do turismo. Formado em administração de empresas pela USP, com MBA em Salzburg, na Áustria, ele comanda a empresa há mais de 20 anos, dando sequência ao trabalho do pai, Aldo Leone, que fundou a Agaxtur em 1953. Na visão do executivo, o turismo retorna da pandemia revigorado.
A pandemia realmente já acabou para o setor de turismo?
Hoje, temos a convicção de que a pandemia Covid-19 deixou de afetar o turismo. Foram dois anos de muita incerteza e sofrimento, mas que serviram para refletir, rever e aprender. O fato é que a pandemia ensinou muito à humanidade, em todos os setores e atividades. E o turismo volta revigorado, conforme demonstra o atual aquecimento da demanda.
Que mudanças desse período vieram para ficar?
O grande legado desse período foi uma união, nunca vista antes, do setor de turismo como um todo. Isso envolveu companhias aéreas, hotelaria, operadoras de turismo e, em especial, redimensionou a importância dos agentes de viagens. É ele, o agente de viagens, que conecta o passageiro aos serviços. E, na pandemia, foi o mais acionado para resolver problemas. Hoje, o consumidor reconhece o agente de viagens como um elo importante da cadeia turística.
Com o real desvalorizado, como está a procura por viagens internacionais? O turismo interno tem se beneficiado?
A procura pelo turismo internacional está crescendo dia a dia. A movimentação do turismo doméstico aumentou no período da pandemia, mas, hoje, viajar pelo Brasil começa a ficar caro. O chamado custo Brasil leva o viajante a repensar e a refazer contas.
Como a inovação e a transformação digital podem ajudar o mercado de turismo?
A inovação e a transformação são muito importantes. E nada mais é do que um rearranjo articulado do jeito de se produzir turismo. A Agaxtur é um exemplo disso. Aproveitamos o período da pandemia para renovar sistemas e processos e hoje a empresa está bem mais ágil do que antes.
Existe alguma tendência despontando no setor?
Notamos a tendência de viagens em família, de pequenos grupos de amigos, que desejam viajar juntos. Também constatamos que as viagens de negócios tendem a ocorrer junto com viagens familiares. É o fortalecimento do chamado bleisure, que concilia negócios com o lazer da família. Cabe destacar a volta da procura por cruzeiros marítimos. Viajar de navio, além da excelente relação custo-benefício, tem um índice elevado de segurança, em todos os sentidos. E o all inclusive é um atrativo à parte. A Agaxtur é pioneira na oferta de serviços desse modal e hoje oferece vários formatos e roteiros, para diferentes destinos e perfis de viajantes. Exemplo de novidades em cruzeiros marítimos está no lançamento, no final de 2022, do navio MSC World Europa. Este é o mais inovador dos navios de cruzeiros da frota da companhia e o primeiro movido a gás natural liquefeito (GNL) – um dos combustíveis marítimos mais limpos do mundo. Tem 22 decks, 47 metros de largura e 2.626 camarotes, numa área superior a 40 mil m².