Torrinha celebrará uma conquista histórica na próxima quarta-feira, 10 de dezembro, com a entrega oficial do certificado de indicação de procedência para o café arábica produzido no município. A solenidade deve reunir produtores, lideranças regionais e representantes das instituições envolvidas no processo, entre elas o Sebrae-SP e a Associação dos Produtores de Café Natural do Bairro do Paraíso do Alto de Torrinha (Cafenato), entidade solicitante do registro.

No Brasil, existem 17 microrregiões que fazem parte das Indicações Geográficas (IGs) do café arábica e seis ficam no Estado de São Paulo. Torrinha é uma delas. O município, que tem 240 produtores e pouco mais de 9 mil habitantes, muitos deles descendentes de famílias que cultivam café há mais de três gerações, vive um marco.
Neste ano, 83 amostras foram analisadas no tradicional concurso de qualidade do café do Sindicato Rural de Torrinha, referência técnica incorporada ao caderno de especificações de validação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Dessas amostras, 39 atingiram os mais de 80 pontos exigidos na tabela da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e estão autorizadas a utilizar o selo no ano que vem. Dentre elas, 22 já cumpriram todos os requisitos da documentação e receberão o certificado no dia 10. A certificação é válida por um ano e tem que ser renovada anualmente com base nos resultados do concurso.
Reconhecimento
O documento INPI reconhece formalmente o café de Torrinha e autoriza apenas cafeicultores locais a usarem o selo. O processo teve início em 2020. Em abril daquele ano, foi aplicado o diagnóstico que apontou o potencial do território para a indicação de procedência.
Três meses depois, o Sebrae-SP, em conjunto com a Prefeitura Municipal, o Sindicato Rural, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Torrinha (ACIAT), a Associação Amigos de Torrinha, a Associação Agromonges, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e lideranças locais, organizou os trabalhos em torno da Indicação Geográfica e conduziu as etapas técnicas do processo.
Em março de 2021, o IFSP iniciou o trabalho em campo, reunindo documentos históricos, registros territoriais e evidências da tradição do café local. Toda a documentação foi protocolada no INPI em novembro de 2023, e o reconhecimento foi publicado no Diário Oficial no dia 3 de junho deste ano. A IG reforça uma atividade presente desde o século XIX e que permanece como eixo econômico central do município até hoje.
O consultor de negócios do Sebrae-SP Luís Adriano Alves Pinto destacou a força histórica da cultura cafeeira no município. “Torrinha produz café desde 1840 e essa tradição moldou o desenvolvimento da cidade, que sempre teve o café como o eixo principal da economia local”, afirmou.
Ele também ressaltou a importância da indicação geográfica para os produtores e explicou que “a certificação amplia a visibilidade do território e oferece aos cafeicultores um diferencial competitivo, porque o selo reconhece a qualidade, a história e o modo de fazer do café de Torrinha”.
A entrega oficial do certificado traz o início de uma nova fase para o município, que agora vai intensificar as ações de qualificação técnica dos produtores. O selo representa não apenas um avanço econômico, mas também o reconhecimento que identifica a cidade pelo seu café no cenário estadual, nacional e internacional.
