
Mesmo diante dos desafios diários, as mães empreendedoras conciliam o amor incondicional pelos filhos com a coragem de empreender. São mulheres que, além de cuidar da casa e da família, dedicam-se também à gestão de um negócio. É o caso de Jaqueline Abel Monteiro, de 37 anos, que transformou a necessidade em oportunidade.
Mãe solo de Lorenzo, um menino de 8 anos diagnosticado com autismo nível 3 e não verbal, Jaqueline viu no empreendedorismo uma forma de sobrevivência. Começou de maneira simples, vendendo bolos de pote nas ruas, com o filho ainda pequeno ao seu lado. Sem formação técnica em confeitaria, aprendeu tudo sozinha, na prática, enfrentando o cansaço, o preconceito e a falta de recursos.
“Eu tive que empreender. Nenhuma empresa me aceitaria com um filho que precisa de cuidados especiais. Ele tem uma rotina intensa de consultas e terapias, e nem consegue passar o período completo na escola. Preciso estar em casa por ele — e precisava sustentar nossa casa. Eu não tinha suporte”, explica Jaqueline.
Com o tempo, o negócio cresceu, os pedidos aumentaram e surgiram as primeiras parcerias com buffets. Hoje, Jaqueline comemora a abertura de sua loja física, que já tem cinco meses. Ao lado do atual marido, que também é seu sócio, ela emprega duas funcionárias e inspira outras mulheres com sua história de superação.
“Eu pedia a Deus que fizesse meus clientes virem até mim, porque chegou um momento em que não dava mais para levar o Lorenzo para a rua comigo”, relembra a empreendedora.
A jornada de Jaqueline representa a realidade de muitas mães brasileiras que enxergam no empreendedorismo uma alternativa para conquistar independência financeira e flexibilidade — especialmente quando a rotina familiar exige atenção redobrada.
“A transformação de prioridades e demandas ao se tornar mãe já é algo natural. Quando se trata de uma maternidade atípica, essa mudança é ainda mais intensa e desafiadora. Diante de uma nova realidade, com uma rotina exigente de terapias e cuidados, o empreendedorismo muitas vezes não é apenas uma alternativa de renda, mas um caminho de autonomia, acolhimento e reinvenção”, afirma Bianca Manzanares, analista do Sebrae-SP e também mãe atípica.
Como forma de apoio a essas mulheres, o Sebrae-SP possui um projeto voltado ao empreendedorismo feminino e, quinzenalmente, promove de forma gratuita um workshop sobre como iniciar um negócio com planejamento e propósito.
Neste Dia das Mães, celebramos todas as mães empreendedoras — aquelas que, mesmo diante das dificuldades, seguem firmes, criando caminhos onde antes só havia obstáculos.
