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Erick Jacquin: um francês na cozinha verde-amarela

Sucesso na cozinha e na tela, chef fala sobre o momento do setor de alimentação
Por Redação
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Ele não é de economizar nas críticas e o público já se acostumou com o estilo do chef Erick Jacquin avaliar pratos e restaurantes na TV. Jurado do consagrado MasterChef Brasil e apresentador do reality show Pesadelo na Cozinha, o francês naturalizado brasileiro comanda ainda um terceiro programa na Band, o Minha Receita, sobre pratos típicos da culinária nacional.

Aos 55 anos, casado e pai de três filhos, Jacquin desembarcou aqui em 1995. Veio pensando em ficar apenas três ou quatro anos, ganhar dinheiro e voltar para a França. Agora diz que não vai mais embora. Nesses 25 anos, acumulou uma experiência considerável em terras verde-amarelas. No currículo, coleciona vários títulos de chef do ano e a nomeação Maître Cuisinier de France, a mais alta honraria da gastronomia francesa.

Esteve à frente de várias casas como o Le Coq Hardy, Café Antique e La Brasserie. No final de 2019, abriu o Président e um ano depois inaugurou o bistrô francês Ça-Va. Na conversa com o Jornal de Negócios, ele fala sobre o mercado de alimentação fora do lar, impacto do MasterChef no dia a dia das pessoas e empreendedorismo.

Quais diferenças o senhor vê no mercado de alimentação fora do lar entre a época que chegou ao Brasil e hoje?
O mercado no Brasil melhorou bastante. Hoje é um mercado muito mais profissional, que tem muito mais variedades, os produtos são tratados de uma forma diferente; a evolução foi muito grande.

Na verdade, o produto sempre existiu, mas não podemos esquecer que o Brasil é um país gigante, e a logística e como os produtos são tratados melhoraram muito. Hoje já temos mais opções de produtos orgânicos, um movimento maior do pequeno produtor, tem tudo para cozinhar muito bem.

Lógico que as produções são diferentes na Europa porque é outro país, outra cultura, outro clima, é tropical. Tudo isso influencia. Mas tem muito produto maravilhoso aqui e que lá não tem.

O senhor acredita que o programa MasterChef teve impacto em quem queria seguir carreira nessa área?
Com certeza. MasterChef Brasil foi o primeiro programa verdadeiramente culinário na televisão, com competição. Deixou muita gente com vontade de entrar na carreira e seguir o caminho para ser cozinheiro. O programa mudou muito a forma como as famílias se alimentam.

Na rua, nós, do programa, somos muito abordados por isso. Já ouvi muitas vezes que “graças a vocês meu pai cozinhou em casa pela primeira vez” ou “cozinhamos em casa e hoje comemos coisas diferentes”.

Como empreendedor, o que o senhor fez lá atrás que não repetiria hoje?
Eu não me arrependo de nada. Mas pode ser que eu escolheria ir dormir mais cedo. Hoje reabri um restaurante, minha vida é diferente, eu tenho mais idade.

Antes eu confiava muito nas pessoas. Mas eu não me arrependo de nada porque eu fiz as escolhas. Se eu errei é a minha culpa. E eu descobri que o mais importante é ter as pessoas certas do seu lado e ter um bom administrador.

Qual o conselho para alguém que é um ótimo cozinheiro e está pensando em abrir um restaurante?
Não basta ser um excelente cozinheiro para abrir o seu próprio restaurante. Precisa ter maturidade, estar pronto e ter uma boa experiência. E ter pé no chão, não pensar muito grande. Restaurante é uma fábrica de problemas, então precisa ter muita atenção, cada detalhe é muito importante.

Com as questões de distanciamento social, qual o cenário possível para os restaurantes em 2021?
É uma tristeza total. Porque a gente precisa aprender a viver com a Covid. Não acabou a pandemia e não vai acabar agora. Vai demorar mais do que a gente imagina. Precisa se proteger muito, ter atenção.

Infelizmente é muito difícil passar isso aos jovens, a “geração Covid”, que a gente vai chamar assim muito em breve, tenho certeza. Eu penso muito em como os jovens vão ser formados porque uma relação na frente do professor é muito importante. Uma tela nunca vai substituir um professor, um ser humano.

Acho que as escolas deviam se preocupar com isso, elas se conformaram muito rápido com a situação. Esse modelo não é muito bom, não. Agora, vai depender de nós, de nos cuidarmos porque fechar tudo pode trazer a miséria, muita gente desempregada, pode ser uma catástrofe total.

  • Alimentação fora do lar;