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Eduardo Mota, da Alegremente: brincadeiras entregues em casa

Com as caixas, empreendedor tem conseguido manter em torno de 80% do faturamento médio mensal desde que começou a operar
Por Ana Carolina Nunes
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Há pouco mais de seis meses, o publicitário Eduardo Mota havia inaugurado o Alegremente – Espaço de Brincar na cidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. O espaço tinha como proposta reunir crianças durante o contraturno da escola para brincar, explorando experiências e a memória afetiva.

O serviço funciona por compra de pacotes de horas para usar ao longo do mês e as crianças podem frequentar o espaço acompanhadas dos pais ou sozinhas a partir dos 3 anos de idade. “A ideia é criar o vínculo com as famílias, resgatando atividades antigas, usando muita textura, material visual, contação de história e oficina de música, como uma maneira também de fortalecer a inteligência emocional”, explica Mota.

Mas com a decretação da quarentena no Estado de São Paulo no final de março, Mota colocou toda a proposta do Alegremente dentro de uma caixa. Literalmente. Foi essa a solução que encontrou para manter o negócio operando. E, de quebra, consegue atender os pais que estão tendo de dividir o trabalho em casa com os cuidados com os filhos.

Como a ideia já existia antes, o lançamento da caixa de atividades para as crianças foi bastante rápido, com as primeiras vendas acontecendo ainda dentro do mês de março. No entanto, a concorrência também foi bem ágil e ele se deparou com sua ideia sendo replicada por outros, o que impactou em suas vendas.

Para se diferenciar, Mota passou a oferecer duas opções de caixa: uma para crianças entre 3 meses e 4 anos, com material que explora a coordenação motora e funciona como alternativa ao celular ou tablet para acalmar e ocupar as crianças; e outra destinada para crianças de até 10 anos, com brinquedos educativos e materiais como massinha, EVA, giz de cera, lápis de cor e tinta. Todas as caixas são acompanhadas de uma carta de apresentação e um roteiro sobre como usar para ser lido pelos pais em companhia das crianças.

Com as caixas, Mota tem conseguido manter em torno de 80% do faturamento médio mensal desde que começou a operar. Enquanto isso, os dois funcionários fixos do espaço foram afastados dentro das normas que permitem suspensão total ou parcial do contrato de trabalho por 60 dias com subsídios do governo. Ao mesmo tempo, ele estava tentando negociar o aluguel do imóvel onde funciona a empresa, entre outros cortes de custos fixos.

Uma dificuldade no meio desse processo foi estabelecer parcerias para rechear as caixas, como com uma loja de brinquedos que não quis vender no modelo consignado. “As pessoas são resistentes a se abrir, a inovar”, lamenta. Apenas uma loja de roupas infantis topou ser parceria no novo produto, que, inclusive, deve continuar mesmo após a abertura das atividades como um novo braço do negócio.

Mota destaca três pontos importantes nesse processo de mudança. Em primeiro lugar, ter o cadastro atualizado dos quase 400 clientes que já passaram pelo espaço. Seu primeiro canal de divulgação foi pelo WhatsApp e, assim, ele conseguiu também aquela valiosa divulgação “boca a boca”. As redes sociais também foram exploradas para reforçar a propaganda e chegar a novos clientes.

Outro ponto foi fazer uma ação de pós-venda para receber um feedback sobre as caixas. Além de adequar seus kits, a ação apontou uma nova demanda: uma opção de caixa com atividades que as crianças possam fazer sozinhas, sem a companhia de um adulto.

E, finalmente, foi ter a gestão do negócio organizada, com planilhas atualizadas e mapeamento de todos os custos e recebimentos da empresa. “Muitos empreendedores dizem que não têm tempo para organizar planilhas, mas eu acho que a gente consegue dedicar tempo para aquilo que priorizamos e ter a gestão organizada deve ser uma prioridade”, afirma.

  • empreendedorismo de inovação;