O ramo de marmitas está em expansão. Pesquisa do Sebrae-SP aponta um aumento de 288% no número de pequenos negócios na região de Guaratinguetá entre 2019 e 2024, quando o setor cresceu de 403 para 1.567 empresas. A mineira Luci Barros, 50 anos, é um exemplo de empreendedora que investiu no mercado. Moradora de Guaratinguetá há seis anos, ela conta que a ideia de abrir um comércio próprio surgiu em virtude tanto de uma necessidade quanto de um senso de oportunidade.
Ao lado de Jefferson, seu sócio e “namorido” (como ela gosta de chamá-lo), conceberam a marca “Franguitto Express”. O negócio em família ainda conta com o auxílio de Marielle, filha de Luci, que prepara os doces oferecidos no cardápio. “Com uma ousadia desmedida, iniciamos em nossa garagem tentando um modelo de negócio que fosse no estilo dark kitchen apenas no delivery, mas foi bastante difícil. Alguns anos depois passamos para um mercado que nos impulsionou bastante, no qual acertamos a praça que ficamos alocados e nos permitiu sonhar ainda mais além. Foi quando surgiu a oportunidade de um ponto físico para iniciarmos então a marmitaria, na qual até ali era uma rotisserie”, explica.
Após vinte anos como funcionária com vínculo empregatício no regime CLT, Luci deu um salto no escuro ao apostar na mudança profissional. Graduada em Serviço Social, a microempresária relembra os obstáculos superados ao longo de sua jornada. “Foram vários desafios, a começar pela falta de conhecimento, expertise nas compras dos insumos, falta de capital. Tive de enfrentar meus medos para que essa oportunidade de empreender pudesse nascer. Sendo assim, com tantos erros e acertos, consegui enxergar que é possível ser uma empreendedora”, reflete.
Há quase quatro anos trabalhando como Microempreendedora Individual (MEI) no segmento de alimentação, a trajetória de Luci simboliza a coragem de mulheres que enfrentam batalhas diárias em vários aspectos. Antes de dedicar-se exclusivamente ao próprio negócio, ela conciliava o emprego formal com o Franguitto Express. Ávida pelo saber e disposta a aprimorar suas habilidades, ela uniu o encanto pela cozinha ao gosto pelo aprendizado quando começou recentemente o curso técnico em nutrição.
Ao quebrar paradigmas e estereótipos, Luci reconhece a importância do empreendedorismo em sua trajetória. “Passei a buscar mais conhecimento, aprendi a liderar, organizar as finanças, realizar compras estratégicas e ser dona do próprio tempo. Já no pessoal [aprendi] a ter disciplina, foco e entender de que dou conta de ter uma empresa com propósito”.
Neste percurso tortuoso, repleto de transformações, desvios e reviravoltas, a rota de sua vida foi alterada quando, a certa altura, ela encontrou o Sebrae. “O Sebrae me ajudou e muito com vários programas e palestras sobre temas como finanças, gestão, vendas e marketing, dinâmicas. Realizei muito networking e participei de muitas consultorias (clube de negócios). O Sebrae até hoje vem me ajudando quando tenho dúvidas sobre algum assunto relacionado ao empreendedorismo”, ressalta.
A fundadora do empreendimento gastronômico participou, inclusive, do Empretec, principal programa de formação de empreendedores do mundo, um seminário intensivo criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), promovido em 40 países e exclusivo do Sebrae no Brasil.
“Também participei do Empretec – me tornando assim uma Empreteca – por também incentivo do meu sócio, parceiro e namorido que me pegou pela mão literalmente e me apresentou ao Empretec que só abriu portas. No Empretec saí fora da caixa. Foi uma virada de chave total porque pude olhar o grosso do empreendedorismo, o quanto o Sebrae ajuda os pequenos. Vou levar para vida toda”, afirma Luci.
Com a sabedoria obtida a duras penas e ciente de que é primordial dar um passo de cada vez para alcançar os propósitos que têm em mente, Luci, como diz a música de Chico Buarque, é “dura na queda”. “Eu, como empreendedora, tenho que fazer a diferença na vida do meu cliente, na vida do meu fornecedor”, arremata.
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