
A discussão sobre liderança feminina no Brasil vai muito além de uma questão de representatividade. Os dados são claros: empresas com mulheres em posições de liderança apresentam melhores desempenhos financeiros, mais inovação e melhor clima organizacional.
Ainda assim, o avanço é lento. Segundo a 8ª edição “Women in the Boardroom”, pesquisa realizada pela Deloitte, empresa global de consultoria e auditoria, apenas 6% dos CEOs no mundo são mulheres, mesmo com evidências robustas sobre os benefícios da diversidade nos cargos de decisão. Como podemos acelerar essa mudança?
O perfil da nova liderança
Dois conceitos ajudam a entender o que torna uma liderança eficaz nos dias de hoje: o profissional T-shaped e a liderança baseada na influência e desenvolvimento de equipes.
Profissional T-shaped: esse modelo descreve profissionais que possuem profundidade técnica em uma área (a base vertical do “T”) e, ao mesmo tempo, desenvolvem habilidades transversais como pensamento sistêmico, comunicação e colaboração (a barra horizontal do “T”). Cunhado por David Guest e popularizado por Tim Brown, esse conceito destaca a importância da versatilidade, algo que frequentemente se alinha às trajetórias das mulheres, que transitam entre diferentes funções e contextos.
Liderança que impulsiona, não sufoca: muitos líderes caem na armadilha do microgerenciamento, tentando garantir a qualidade do trabalho de forma excessivamente controladora. Isso, no entanto, sufoca a criatividade e a autonomia das equipes. Liderar significa influenciar, orientar e confiar, permitindo que os times alcancem seu potencial máximo. Mulheres líderes têm se destacado justamente por trazerem essa abordagem mais colaborativa e empática, gerando engajamento e produtividade.
Como estimular a liderança feminina?
Para que a presença feminina na liderança cresça de forma consistente, é fundamental atuar em três frentes:
1-Desenvolvimento de habilidades estratégicas: além do conhecimento técnico, é essencial investir no desenvolvimento de soft skills como negociação, inteligência emocional, liderança estratégica e pensamento sistêmico. Programas como o Sebrae Delas, que têm como objetivo capacitar e fortalecer o protagonismo feminino nos negócios, são fundamentais nesse processo. A iniciativa oferece formações, mentorias e acesso a redes de apoio, preparando mulheres para assumirem posições estratégicas e superarem desafios do mercado
2-Criação de redes de apoio e mentorias: ambientes corporativos carregam vieses inconscientes que dificultam a ascensão feminina. Redes de networking e mentorias com líderes experientes ajudam a quebrar essas barreiras, proporcionando suporte e compartilhamento de experiências.
3-Compromisso das empresas com mudanças estruturais: não basta apenas incentivar mulheres a assumirem liderança, é preciso que as organizações revisem suas políticas de promoção e cultura corporativa, garantindo processos mais transparentes e equitativos.
A equidade na liderança não é apenas uma pauta social, mas também uma estratégia inteligente para o crescimento das empresas e da economia. O mercado já reconhece os benefícios da presença feminina na liderança, agora o desafio é transformar essa consciência em ação.