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Varejo busca equilíbrio entre tecnologia e humanização

Recursos tecnológicos e pessoas estão no centro da discussão de como o comércio deve atuar
Por Redação
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Por trás de todo processo com alto grau de automação de uma empresa há muito trabalho humano e a preocupação com o cuidado das pessoas – principalmente colaboradores e clientes – para manter o bom funcionamento e os resultados esperados. Esse é um dos destaques vistos nas palestras ocorridas na NRF Retail’s Big Show, a maior feira de varejo do mundo realizada em Nova York e que o Sebrae-SP foi conferir.

“São quatro palavras que marcaram o tom das falas na feira: relacionamento, conexão, cultura e comunidade. As marcas estão preocupadas em envolver na cultura da empresa não só os consumidores, mas também fornecedores, a equipe e a comunidade”, explica a consultora do Sebrae-SP especialista em varejo Daniela Abdala.

“Ter o engajamento dos colaboradores é necessário para o processo de venda e de atendimento, pois reflete na experiência oferecida aos clientes”, afirma o gerente de relacionamento do Sebrae-SP Alexandre Robazza.

Segundo ele, esse aspecto foi ressaltado pelo CEO da Luis Vuitton, Anish Melwani, em sua palestra. “Há a necessidade de ter colaboradores engajados com a marca. Se eles não forem bem tratados não vão tratar bem os clientes”, explica Robazza.

“O ponto de convergência disso é trabalhar a cultura da empresa. A cultura é o que você faz e leva para o colaborador. Esse ponto foi visto em mais de uma palestra na NRF: uma cultura interessante é aquela que diminui a fricção da operação do seu negócio”, diz o consultor de negócios e especialista em varejo do Sebrae-SP Edgar Neto.

Um exemplo do que foi falado na NRF é a Whole Foods, rede americana de supermercados que vende produtos naturais, orgânicos e sem conservantes. A companhia tem uma preocupação muito grande na contratação de funcionários, processo que obedece a uma cuidadosa curadoria. Suas lojas também oferecem serviço de restaurante em que o consumidor pode se servir, pesar a comida, pagar e fazer a refeição no local sem precisar ter contato com nenhum colaborador. Ao mesmo tempo, a equipe não deixa o buffet desabastecido e a comida mantém seu padrão de qualidade.

Por sua vez, o avanço da tecnologia no dia a dia dos negócios não para. “Tem muita novidade tecnológica sendo usada no varejo como provadores virtuais, sistema de monitoramento de câmera que faz indicação de produtos, faz mapa de calor; atualmente as empresas usam câmeras que mostram quantas pessoas entram na loja, quantos são homens ou mulheres, monitoramento por idade e, cada vez mais presente, o controle de gestão de estoque por meio de equipamentos eletrônicos que fornecem dados sobre a toda movimentação de produtos”, exemplifica Neto.

E como a experiência do cliente é ponto-chave no relacionamento com o público, a tecnologia se volta para essa finalidade. “Tem empresa, por exemplo, que usa aplicativo que faz leitura do rosto, revela a idade facial do cliente e sugere o produto ideal para cada caso”, diz o consultor.

Neto cita também o fato de o Metaverso já começar a ser explorado pelas grandes marcas. “Elas criam um ambiente virtual com uma loja temática e customizada; quando o cliente clica para ver o produto, ele é levado para o e-commerce da empresa.”

As redes socias são um componente importante da equação envolvendo marcas e público. Porém, elas devem ter seu uso pensado para alcançar as pessoas de forma mais específica possível.

Relatório da WGSN, consultoria que aponta tendências, sinaliza que uma vertente é a pulverização dos canais digitais. “É a democratização da mídia digital. Não vai haver mais um mainstream. Não vai haver mais grandes redes sociais, mas sim diversas e menores focadas em nichos, para os mais variados tipos de clientes, reforçando a necessidade de a empresa estar inserida em comunidades, para entender o seu cliente e oferecer exatamente o que ele quer”, diz Robazza.

Internacionalização

A internacionalização de empresas também foi tema de palestra na NRF. A principal mensagem nesse caso fala de flexibilidade, adaptação cultural e mercado, aspectos que devem ser observados pelas empresas que querem atuar em países que não o de origem. Representantes da empresa espanhola Mango, de design e fabricação de roupas, e da American Eagle, de roupas e acessórios, frisaram os desafios enfrentados pelas empresas para atuar fora de suas fronteiras. Na visão dessas empresas, é necessário ser o mais objetivo e transparente na comunicação dos valores da marca para que, mesmo diante de culturas e valores diferentes, a empresa consiga expressar a sua essência.

A missão

A missão do Sebrae-SP a Nova York, que ocorre de 13 a 21 de janeiro, levou um grupo de 30 empresários do Estado de São Paulo para conferir a NRF e lojas de sucesso no mercado. Nesse período, empreendedor vai conhecer as novidades, tendências e estratégias usadas por importantes nomes do varejo. É uma ótima oportunidade para atualizar conhecimentos, se informar e trazer as ideias para o próprio negócio, ganhando assim competitividade no mercado local.

Além da feira, a missão empresarial inclui três dias de visitas técnicas a lojas como Harry Potter Store, a única loja oficial do mundo ligada ao personagem dos livros e cinema; The RealReal, especializada em itens de luxo, incluindo moda masculina e feminina, joias, relógios e artigos de decoração; Dyson Demo Store, que oferece produtos profissionais e tecnológicos para cuidados dos cabelos e Nordstrom, loja de departamentos com variadas opções de roupas, calçados de grife, cosméticos e artigos para o lar, Rio Supermarket, um supermercado brasileiro no Estados Unidos, entre outras.

As visitas são guiadas por consultores do Sebrae-SP especializados e com ampla experiência em viagens desse tipo, que auxiliam os empresários a vivenciarem, na prática, conceitos que devem ser priorizados como inovação, exposição de produtos, experiência de consumo e tecnologia.

Os empresários da missão participam ainda de um Hackaton de inovação sobre modelagem de negócios dedicado ao alinhamento do grupo com as ideias observadas durante a programação. É a oportunidade do grupo de encerrar a viagem com um plano para suas empresas desenhado com base no que extraíram no período em Nova York.

As empresas participantes da missão à NRF 2023 são: Vila Nina, Dra. Cherie, Flex Mesas e Cadeiras, D&D Premium, Ourimadeiras, Beta Bozzani Arquitetura e Design, Grupo Mirandinha, Jéssica Cosméticos, Refrigerantes Poty, Sereia de Noronha, PlayPark, Depósito da Lingerie, Tokbothanico, Segredo Lacrado, Jobel Armarinhos, Feitiços, Xr Studio, Solid Systems, Arezzo & Spello, Doxo Tech, Mineirão Shop Car e Onii Conveniência.

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  • NRF; Sebrae-SP; varejo; Nova York