Luiza Helena Trajano é uma das empreendedoras mais admiradas do Brasil. Atualmente, ela preside o Conselho do Magazine Luiza, está à frente do Grupo Mulheres do Brasil e foi eleita Personalidade do Ano pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Recentemente, Sebrae e Magalu uniram forças para ajudar os pequenos negócios que atuam com loja física e precisam chegar aos clientes nos meios digitais. Com a parceria, o Sebrae concentra seus esforços na preparação e na conexão dos pequenos negócios ao mercado digital, em especial à atuação em marketplaces, enquanto o Magazine Luiza cumpre o seu papel de digitalizar os empreendimentos a partir da plataforma Parceiro Magalu, um ambiente online que inclui novos canais de vendas, marketing, logística e gestão. Na entrevista a seguir, a empresária fala sobre como os pequenos negócios podem sobreviver a esse momento tão delicado.
Qual o segredo para construir um negócio de sucesso?
Não existe um segredo mágico que seja único para qualquer empreendedor. E, também, ninguém “tem” sucesso, e sim “está” com sucesso. É algo que precisa ser construído todo dia, fruto do trabalho. O que você está fazendo hoje e obtendo resultados pode mudar rapidamente, por isso é preciso estar atento, aprendendo todo o tempo e construindo dia a dia seu negócio para continuar com sucesso.
Quais comportamentos e habilidades a senhora considera mais importantes para um empreendedor?
O empreendedor precisa estar aberto ao novo, a aprender com equipe e clientes. Tem de fazer perguntas o tempo todo, desenvolver o que chamo de “habilidade fuçativa”, estar inconformado com o que está fazendo atualmente, mas no sentido de aperfeiçoar, de descobrir coisas novas.
Qual o conselho a senhora dá aos empreendedores neste momento de pandemia?
Estamos vivendo um período de grave crise na saúde e na economia, mas a característica do empreendedor é a resiliência. Peço que se informem sobre as ajudas disponibilizadas para as micro e pequenas empresas, revejam seus custos e processos, estejam totalmente abertos à cultura digital e nunca desistam e sigam procurando alternativas, envolvendo toda a equipe nas discussões de saída da crise.
Qual o maior desafio que já enfrentou em sua vida? Como o superou?
Enfrentamos desafios todos os dias, especialmente no varejo. Eu costumo falar que me considero a CEO das crises. Logo que assumi o Magazine Luiza, veio o Plano Collor (março de 1990) e confiscou o dinheiro de todos. Tenho um quadro que mostra todas essas graves crises. Todos os desafios são superados ouvindo a equipe, aprendendo com erros e criando alternativas.
Qual a sua inspiração?
Sou inspirada o tempo todo e fico fascinada com a riqueza de personagens que temos no Brasil, com histórias de criatividade, superação e amor ao próximo. Quando escuto essas histórias me sinto inspirada, mas, para citar uma, ressalto a importância da minha tia Luiza, fundadora do Magazine Luiza, junto com meu tio Pelegrino, que, com sua inteligência empreendedora, me deu inúmeras lições de como enfrentar as crises e ter confiança no trabalho.
A senhora tem algum sonho não concretizado?
Ultimamente todos os meus sonhos têm relação com melhorias no Brasil, na saúde, na educação, no emprego e em outras áreas para diminuir, urgentemente, a desigualdade social no país. Eu espero continuar trabalhando ativamente nesses pontos por meio da sociedade civil organizada. Acho que todos devem se engajar em algum movimento com essa finalidade. Tenho feito isso no Grupo Mulheres do Brasil e convido todas a conhecerem as nossas causas.
O que os empreendedores podem esperar para o cenário econômico brasileiro?
Começamos 2020 com a expectativa de que seria um ano em que iniciaríamos a recuperação da economia e teríamos aumento de empregos, mas aí veio a pandemia, que é uma situação muito grave, pois mexe com a saúde e a economia. O que o governo precisa fazer é continuar colocando dinheiro na economia, pois os pequenos precisam muito de acesso a crédito barato para manutenção dos empregos. Também é urgente que a reforma tributária não traga aumento de impostos, pois a sociedade não suporta mais, e que aumente sua base por meio da desburocratização e taxação da economia digital. A combinação desses fatores deve aumentar as condições para uma recuperação mais acelerada da economia.
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