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Acelerada pelo Sebrae, startup de Praia Grande estuda implementar energia limpa em aldeia indígena no Acre

Maurício Queiroz, fundador da TidalWatt, viaja em dezembro ao Acre para avaliar a instalação de turbinas subaquáticas compactas que podem levar luz e dignidade à aldeia Nomanawa
Por Redação
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A TidalWatt, startup de Praia Grande (SP) que integra o programa Sebrae for Startups na Baixada Santista, está prestes a iniciar um projeto de grande impacto social e ambiental na Amazônia. Maurício Otaviano de Queiroz, CEO e fundador da empresa, viajará no dia 3 de dezembro para a aldeia Nomanawa, em Cruzeiro do Sul, no Acre. O objetivo é realizar um estudo de viabilidade e confirmar as condições hidrográficas para a instalação de suas turbinas oceânicas nos rios da região. A iniciativa busca levar uma solução inovadora de energia limpa a essa comunidade indígena remota.

O Histórico de Aceleração e Inovação

A TidalWatt foi pré-acelerada pelo programa Start, uma parceria entre a Fundação Parque Tecnológico de Santos (FPTS) e o Sebrae for Startups, com foco no desenvolvimento de soluções para o setor portuário e a Economia Azul da Baixada Santista.

Em 2021, a startup integrou a primeira turma do Speed Marine (programa de aceleração do Sebrae para a Economia Azul), no qual participa novamente neste ano. Durante a primeira edição, a TidalWatt foi selecionada pelo Sebrae-SP, com base em sua inovação, para a Missão Internacional em Londres (junho de 2022). A missão, focada na internacionalização de inovações brasileiras, gerou visibilidade e permitiu à empresa o contato com o mercado global e a integração a grupos de empresas de tecnologia naval.

Encontro em Evento Global

O convite para ir até a aldeia indígena no Acre nasceu de uma conexão inspiradora no evento de líderes globais e startups Horasis Global Meeting, em São Paulo, em outubro. Maurício Queiroz conheceu o líder indígena, o Cacique Yama, da aldeia Nomanawa e, ao cumprimentá-lo, Maurício mencionou seu trabalho com energia renovável gerada a partir de correntes oceânicas.

A resposta do Cacique Yama foi imediata: “Eu vim do Acre procurando exatamente isso, agora encontrei. O grande Espírito da floresta me conduziu a este encontro”. A partir dessa forte conexão, eles realizaram uma reunião de alinhamento, onde o Cacique formalizou o convite para Maurício Queiroz visitar a aldeia e iniciar o estudo de viabilidade para a implantação da tecnologia da TidalWatt no rio local.

Tecnologia Compacta Adaptada para Rios

A tecnologia central da TidalWatt é uma turbina subaquática compacta inicialmente desenvolvida para a força das correntes marítimas, sendo adaptável para uso em rios com volume e vazão adequados.

A inovação é notável por sua eficiência em dimensões reduzidas: uma única turbina de 3 metros de diâmetro é capaz de gerar a mesma potência de 5 megawatts (MW) de uma turbina eólica de 180 metros, sendo 60 vezes menor.

Maurício de Queiroz, CEO e fundador da TidalWatt, com a turbina subaquática

O equipamento opera com alta confiabilidade (fator de capacidade entre 70% e 95%), garantindo uma geração de energia mais constante do que a eólica ou solar. O estudo de viabilidade se faz necessário para que Maurício Queiroz confirme se as condições hidrográficas da aldeia são favoráveis à instalação da tecnologia.

A própria fundação do nome da empresa reflete sua essência tecnológica. Maurício Queiroz explica a origem: “O nome TidalWatt nasceu da fusão das palavras ‘tidal’ (relacionado às marés, em inglês) e ‘watt’ (uma unidade de potência), refletindo a essência da tecnologia que aproveita a força das correntes.”

O objetivo da viagem de Maurício Queiroz é avaliar o potencial energético do rio e confirmar a viabilidade da instalação, em parceria com o Instituto Voz da Floresta, ONG que defende os direitos indígenas.

A comunidade da aldeia Nomanawa já tentou a energia solar sem sucesso. Com a solução da TidalWatt, a comunidade terá acesso contínuo à luz, possibilitando o armazenamento de alimentos, o uso de eletrodomésticos e um aumento geral no bem-estar e na qualidade de vida.

A startup da Baixada Santista busca agora patrocínios empresariais para cobrir os custos de implantação da tecnologia, transformando este projeto em uma referência de sustentabilidade e inclusão para outras comunidades remotas.

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