
O consumo em brechós tem ganhado destaque nos últimos anos. De acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae-SP, o estado conta com 7.348 pequenos negócios no comércio varejista de produtos usados (brechós), sendo 5.211 (71%) microempreendedores individuais. Tendências como sustentabilidade e consumo consciente têm estimulado o crescimento deste mercado, onde o consumidor gasta em média de R$ 50 a R$ 100 em cada compra nos estabelecimentos.
Os principais motivos que levam os consumidores a comprarem em brechós são os preços mais baixos (71%), a qualidade dos produtos (45%) e a sustentabilidade aliada ao consumo consciente (43%).
Entre os itens mais procurados estão artigos do vestuário, com destaque para roupas masculinas (51%), roupas femininas (50%), calçados (46%), acessórios do vestuário, como bolsas, bijuterias e óculos (43%) e roupas de grife (42%).
Quanto à frequência de compra, 32% dos entrevistados costumam comprar em brechós a cada dois meses – em média seis compras por ano, seguido por 22% dos que compram uma vez por semestre (duas compras por ano).
“O consumo mais sustentável e consciente é uma tendência global. Aliado a isso, a busca por preços mais acessíveis, o interesse por peças únicas e estilosas, e a crescente conscientização em torno do consumo sustentável tem impulsionado o setor”, afirma Carol Fabris Ferreira, Coordenadora de Pesquisas do Sebrae-SP.
A pesquisa revela ainda que 84% dos consumidores preferem realizar as compras em brechós físicos, enquanto os brechós online possuem 40% da preferência.
Brechós no Vale do Ribeira
O Vale do Ribeira conta com 23 brechós formalizados, sendo a grande maioria (20) de microempreendedores individuais. Registro é o município com maior número de brechós, com oito estabelecimentos. Cajati, Iguape e Ilha Comprida contam com três brechós cada um.
Marli Madalena Costa encontrou na moda sustentável uma forma de se reinventar profissionalmente. Hoje, é apaixonada pela economia circular. “Abri o brechó há mais de dez anos em Registro e amo o que faço. Mais do que vender roupas e calçados, os brechós realizam um trabalho de grande importância para a sustentabilidade”, afirma a empreendedora. “Muita gente ainda tem vergonha de comprar em brechó, mas nós trabalhamos com roupas de qualidade e contribuímos para evitar o desperdício e o descarte no meio ambiente”, acrescenta.

Além de fazer o que chama de curadoria das peças, transformando roupas e calçados usados em praticamente novos, Marli gosta de ‘garimpar’ roupas vintage e de marcas famosas que já não são mais fabricadas. “É um diferencial que também atrai clientes. Hoje tenho fornecedoras inclusive de outras regiões do estado e de Curitiba (PR)”, revela.
Também de Registro, Thamyris Rodrigues Cezar começou a empreender há oito anos com peças do próprio guarda-roupas. “Eu não tinha a consciência que tenho hoje, comprava muita coisa na empolgação. Selecionei 300 peças que não usava mais e resolvi fazer um bazar”, revela. O sucesso de três edições do bazar mostrou que o comércio de roupas seminovas podia ser um bom negócio.
“No começo, as pessoas tinham um certo preconceito, associavam o brechó a roupas velhas. Trabalhando com peças de qualidade e exclusivas, conseguimos mudar essa visão. Agora muitos já nos procuram em busca de roupas para eventos especiais”, relata Thamirys. Atualmente, a loja conta com 546 fornecedoras que deixam as peças em consignação. A maioria delas acaba usando o valor para adquirir outras roupas no próprio brechó.
Segundo Thamirys, cerca de 40% da clientela valoriza a questão da sustentabilidade e da economia circular. “O preço mais acessível e as peças exclusivas ainda chamam mais a atenção. Mas acredito que a preocupação com o meio ambiente e com o consumismo mais consciente está aumentando”, afirma a empreendedora.
O levantamento
A pesquisa Brechós 2025 foi elaborada a partir de duas sondagens: a primeira apresenta as estatísticas que caracterizam o varejo de produtos usados (brechós) no estado de São Paulo. Já a segunda mostra os resultados de pesquisa de campo com 400 consumidores de brechós, com coleta de dados realizada entre os dias 23 de abril e 4 de maio de 2025.
