Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2023, maior estudo mundial sobre o empreendedorismo, apoiada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as atividades técnicas, especializadas ou de profissionais liberais, que requerem mais escolaridade e capacitação, não aparecem como representativas entre as mulheres. O estudo evidencia uma variedade bem menor de atividades econômicas entre as mulheres, sendo que seis atividades concentram 50,7% das empreendedoras; ao passo que 51,3% dos empreendedores se distribuem entre 18 atividades, o triplo do exibido pelas mulheres.
As atividades mais frequentes nos empreendimentos iniciais conduzidos pelas mulheres compreendem: serviços de tratamento de cabelos e beleza (13,2%); comércio varejista com 20,5% (cosméticos, perfumaria e produtos de higiene com 10,3% e itens de vestuário e acessórios com 10,2%); preparação e oferecimento de alimento e bebida (catering, bufês, restaurantes etc.) somando 12,3% e serviços domésticos (4,7%) Assim, correspondem em grande parte a atividades com menor barreira de entrada, em serviços relacionados a extensões do papel feminino, a não ser as de comércio varejista.
Dentre os setores em que as mulheres ainda enfrentam desafios, está o da construção civil. O tema foi debatido em evento organizado CMEC (Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura) da ACI (Associação Comercial e Industrial) de Taubaté e pelo Sebrae-SP, com apoio do Hitt (Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté) e da Acitre (Associação Comercial Industrial de Tremembé). O Workshop Mulheres da Construção foi realizado no dia 29 de outubro, no HITT – Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté, no Via Vale Shopping.
As empresárias da construção civil Cibele Ribeiro e Natália Rico contaram suas histórias e deram dicas de como melhorar a gestão das empresas durante talk show com outras empreendedoras do setor. “Objetivamos trazer oportunidades de conectar a empreendedora com outras profissionais, aprender e crescer”, conta Nádia Casagrande, analista de negócios do Sebrae-SP.
A idealizadora do projeto Mulheres à Obra, Natália Rico, grupo de networking feminino que já conta com mais de 300 mulheres da cadeia da construção civil, reforça a importância de estimular o comportamento empreendedor. “A conversa de hoje é sobre o universo predominantemente masculino, da construção civil, e sobre a presença e a diferença que a mulher traz para esse mercado. Ainda enfrentemos preconceito, temos que provar o nosso conhecimento técnico e os grupos ajudam para que as mulheres se posicionem e se destaquem. As conexões servem como fortalecimento”, conta.
Cibele Ribeiro, administradora, designer de interiores, que empreende com energia solar, compartilhou com o grupo os seus desafios e propósitos no setor de construção civil. “Minha carreira inicial foi na área de vendas, porque a minha família tem esse histórico, começando pela minha avó, que vendia picolés na frente de casa para dar sustento para os seus 13 filhos, o que me trouxe essa raiz empreendedora. Hoje, trago o tema estratégia de vendas, que considero muito importante no setor. Apesar das barreiras para a mulher, é importante esse nosso posicionamento como profissionais. Ainda ouvimos que a mulher não sabe fazer ou não tem força braçal suficiente para o trabalho. Vamos fazer o nosso trabalho de forma natural, mostrando que gostamos e entregamos com competência.”
A arquiteta Lívia Sgobin participou do evento para aprender mais sobre network estratégico e com as experiências. “Foi incrível porque elas trouxeram pontos-chave para aplicar que eu ainda não sabia. Participo ainda do grupo Mulheres à Obra, que tem feito a diferença na minha trajetória. Embora eu tenha 22 anos de formada, vivia em uma bolha e não tinha muitos relacionamentos. No grupo fiz amizades, parcerias e passei a me desenvolver mais como pessoa, o que me ajuda a superar os desafios que enfrentamos, como o de passar segurança e autoridade do conhecimento e experiência.”